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17/04/2023 às 14h05min - Atualizada em 18/04/2023 às 00h00min

Inesc aponta esvaziamento de verbas da área social na gestão Bolsonaro

Relatório mostra que, além dos cortes, governo anterior adotou uma manobra para ganhar apoio no Congresso, com a liberação de verbas a parlamentares, por meio do orçamento secreto.

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Fazer um panorama dos orçamentos que o governo federal destinou a cada área, entre 2019 e 2022, permite constatar que a desigualdade social se agravou. Foi ao optar pelo esvaziamento de verbas de políticas sociais que o governo Jair Bolsonaro encerrou a gestão com um superávit de R$ 54,1 bilhões, de acordo com o relatório Depois do Desmonte, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), divulgado nesta segunda-feira (17).



Na época, o superávit foi destacado como o melhor resultado desde 2013. Uma das áreas que mais sofreram redução orçamentária foi a de proteção a mulheres, mesmo sendo uma das bandeiras do extinto Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Segundo o Inesc, o Ligue 180, canal que recebe denúncias de violência contra a mulher, teve uma diminuição de 41% dos gastos, ao longo dos quatro anos de Bolsonaro.



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Outro equipamento importante, de formalização de denúncias e acolhimento das vítimas, a Casa da Mulher Brasileira foi mantida sob estagnação, em 2019, quando nada foi gasto. Somente naquele ano, houve a promessa da então ministra da pasta, Damares Alves, de inaugurar mais cinco unidades: no bairro de Cambuci, na capital paulista, na Ilha de Marajó (Pará) e no Amazonas e também em dois pontos da periferia do Distrito Federal.



Em 2020, os recursos usados para a Casa da Mulher Brasileira, em todo o país, somaram R$ 225,2 mil. No ano seguinte, subiram para R$ 1,2 milhão e em 2022, para R$ 21,2 milhões.



Em relação à população feminina, os recursos disponíveis para as ações permaneceram no mesmo patamar, de R$ 56,6 milhões, quando se comparam os anos de 2019 e 2022. Além disso, em 2020, no primeiro ano da pandemia de covid-19, apenas 29,4% da verba reservada para esse fim foi utilizada.



Ainda em relação a minorias sociais, a posição anti-indígena de Bolsonaro se refletiu na dotação da então Fundação Nacional do Índio (Funai). De 2019 a 2022, a quantia à disposição do órgão caiu de R$ 754 milhões para R$ 640 milhões. Conforme aponta o Inesc, em 2010, o orçamento per capita da fundação era de R$ 899/indígena, enquanto, em 2022, era de menos da metade desse valor, R$ 400/indígena. O relatório do instituto destaca também que o número de servidores da Funai, para cada mil indígenas, caiu 68% no período, o que também evidencia como Bolsonaro conduziu a política indigenista.



Quanto às ações de igualdade racial, o Inesc lembra que, de 2019 para 2020, o montante baixou de R$ 18,2 milhões para R$ 3 milhões. Em 2021, o valor chegou a ser quase inexpressivo, de R$ 231,1 mil, recuperando-se somente no ano seguinte, quando foi aumentado para R$ 6,9 milhões. Outro exemplo de recurso que só foi expandido no último ano de governo, quando Bolsonaro se preparava para tentar a reeleição, foram os gastos com cestas básicas para quilombolas, que saíram da casa dos R$ 19 milhões, em 2019 e 2020, para R$ 298,4 milhões.



No balanço dos gastos da União, o Inesc faz referência a outras rubricas, como as relacionadas à manutenção de creches, que caíram 60%, em quatro anos de governo, à educação e à habitação. Outros dados também mostram como o governo passado rompeu o compromisso com instituições como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que apresentou uma queda de 32% no orçamento.



Além dos cortes, o governo Bolsonaro adotou uma manobra para ganhar apoio no Congresso Nacional, com a liberação de verbas a parlamentares. O orçamento secreto é mais um dos aspectos abordados pelo Inesc no relatório e representa as prioridades de Jair Bolsonaro e a forma como comandou, na avaliação da economista e doutora em políticas sociais Nathalie Beghin, que integra o colegiado do Inesc.



"Quem se beneficiou, essencialmente, foram os parlamentares, às custas do povo mesmo. Trinta bilhões. De 2020 a 2021, foram mais de R$ 30 bilhões que foram para os parlamentares da base do governo Bolsonaro. É um quarto do orçamento da saúde, era, antigamente, um Bolsa Família. É um orçamento que foi para a base, que a gente não conhece, porque se chama 'secreto' por isso mesmo, porque a gente não sabe muito bem qual parlamentar foi beneficiado e recebeu esse recurso", afirma.



Para a especialista, mesmo com os adicionais provenientes da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que garantiu, por exemplo, R$ 22,7 bilhões somente para o Ministério da Saúde, o governo federal deverá enfrentar dificuldades para reestruturar programas e políticas.



"Não poderia dizer que uma área está com recursos satisfatórios, porque todas perderam muito dinheiro, que não foi substituído pela PEC da Transição. Continuamos aquém do que seria o ideal. O que foi acordado com a PEC foi para dar um respiro para começar a trabalhar em uma terra arrasada. A dívida social, racial, de gênero é muito grande", diz Nathalie.



A Agência Brasil entrou em contato com Fábio Wajngarten, que, atualmente, assessora o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, mas não teve resposta até o fechamento desta matéria.




Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-04/inesc-aponta-esvaziamento-de-verbas-da-area-social-na-gestao-bolsonaro
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